Nem tenho roupa pra essa edição. Desde que a
me recomendou lá na newsletter dela (assinem) eu ganhei uma pá de assinantes (uns 15% de aumento). Aí o me colocou nos stories dele e mais uma galera colou.Isso me fodeu.
É complicadíssimo quando você produz alguma coisa, observa e pensa: caraio men, ficou show + top = shop. Aí as pessoas acham que ficou legal também e compartilham. Outra galera chega e agora eu me sinto completamente obrigado a escrever Aᴘᴇɴᴀs Oʙʀᴀs Pʀɪᴍᴀs ou então perderei os tão desejados assinantes que lutei tanto para conseguir.
E é aqui que estamos agora — escrevendo uma introdução metalinguística sobre escrever textos, ouvindo de novo o mesmo disco do The Mars Volta pela vigésima vez, e entregando uma lista de tópicos ao invés de um Artigo Muito Bem Desenvolvido™.
Pode não ser nada demais, mas é tudo o que eu posso oferecer nessa belíssima segunda-feira.
(talvez seu email corte essa mensagem, então clique no título pra ler no site)
Nesta edição do Cronofobia:
Trombei uma conhecida no rolê
Como socializar em bares sem parecer um creep motherfucker?
Uma breve reclamação sobre o Substack
Outra breve reclamação sobre o Substack
Um podcast que você deveria escutar
Atualizações sobre o Tempos Fantásticos
The Creative Act: A Way of Being
Filmes e séries
Atualizações de Rapidinhas anteriores
Tempo de leitura: ±13 minutos
Trombei uma conhecida no rolê
A internet é um lugar horrível, né?
Fui pra um bar comemorar o aniversário de um afeto e, nesse bar, vi uma pessoa que conheci lá no longínquo ano de 2020.
Em pleno isolamento por conta da pandemia, alguém me falou dessa pessoa — vamos chamá-la de Fernanda — e eu fui lá seguí-la. Além de ser claramente muita areia para meu caminhãozinho, ela morava em uma cidade do nordeste brasileiro enquanto eu apodrecia no centro de São Paulo, então não tinha muita esperança de conseguir nenhum contato.
Porém, ela me seguiu de volta e — para nenhuma surpresa, já que sou uma ameba — o primeiro contato veio dela, através de um singelo emoji de risadinha.
Conversamos pra caralho. Trocamos muito, ainda mais porque o tópico “sexualidade” permeava nossas vidas — e era bem gostoso conversar com ela, já que Fernanda estudava o assunto na universidade. A gente falou muito sobre suruba, pornô, drogas, putaria, e cu. Revendo as conversas, o cu era um assunto que sempre voltava. Anotando para levar para a terapia 📝.
A questão é que a vida aconteceu. Em um dos meus muitos surtos de autoestima microscópica, deixei de seguir todo mundo que tinha interesse sexual mas não teria nada pois eu me achava irrelevante. Sim, eu já problematizei essa atitude sob vários ângulos, desde “então você só segue quem você quer foder?” até “o que faz você achar as pessoas tão superiores assim?”. Mudei um tantão de lá para cá, felizmente.
E aí que, semana passada, ela apareceu no bar que eu estava… e a memória me deu um murro na cara.
Ela vestia uma peça única da Adidas colada no corpo, um choker no pescoço, vários acessórios, piercings, e tatuagens descoladas. Ela sorria e conversava com pessoas vestidas com látex, salto alto, e cabelo colorido.
Antes, um ponto: não posso tirar o mérito das pessoas que me acompanhavam — todo mundo descolado, principalmente a aniversariante. A diferença, porém, entre a performance de moda era clara. A galera que me acompanhava era bonita e cool. A galera que acompanhava Fernanda era tudo artista. Tinha gente ali com ela que eu já vi fazendo performance de blood play em suruba online pelo Zoom (o isolamento social foi louco). Um pessoal jovem, despojado, diferenciado.
Ela ali, flanando com a galera mais descolada da região, e eu vestido de pai — meu único tênis, um Vans derrotado, uma camiseta do The Mars Volta (sim, monotemático, perdão) e uma bermuda na convidativa cor creme.
Obviamente que a mente do ansioso já entrou em parafuso e os vários “no que eu me tornei” tomaram conta. A ansiedade me fez ignorar solenemente toda a revolução que minha vida tem feito, todas as decisões importantíssimas, as circunstâncias familiares. Naquele momento eu era uma pessoa que desistiu de ter uma vida interessante e escolheu a estabilidade — algo que não chega nem perto da verdade, mas só quem tem ansiedade sabe como é.
Mandei pra dentro uma dose de Cariri com limão sem mel (o bar estava especialmente caótico) e logo esqueci meu sofrimento.
Fernanda, porém, >continuava ali<. Pensei várias vezes em dar um oi, mas… cara, a gente não se conhece. Tá bom, ela já mandou foto do cu dela pra mim? Sim, mas no frigir dos ovos a gente não se conhece — e tinha pelos menos uns 3 anos que a gente não conversava. Como eu ia abordar essa pessoa que eu só vi pela internet? Ia perguntar o que? Qual assunto ia puxar?
To nessa pira há uns meses já. Desde que voltei ao Brasil percebi que criei várias relações exclusivamente internéticas, e quero bastante mudar isso. Sei que tenho uma agenda impossível e sou extremamente inacessível — chato pra caralho — mas to brigando para mudar. Tem muita gente que eu sigo hoje que eu já convidei para um café, deixando bem claro que o crush de amizade existe.
Mas e o caso dessa pessoa que eu nem sigo mais? Alguém com uma vida completamente diferente da minha, frequentando ambientes totalmente distintos, e com um círculo de amizades bastante diferente? O que eu faço?
Fiquei com essa pira e resolvi trazer para cá. Perdão, esse texto não vai ter uma conclusão muito reflexiva ou um resultado muito satisfatório. Fica a pergunta: como a gente lida com essas quase-amizades, esses contatos parciais, essa galera que a gente já viu muito através dos stories mas que, na verdade, a gente não conhece além do superficial?
Em certo momento a gente se viu na mesma fila e não deu pra segurar. Perguntei “você é a Fernanda?” e ela acenou que sim. Perguntei se ela sabia quem eu era e ela respondeu um sonoro “claro!”
Citei que estava em um aniversário, ela disse que estava em outro. Falei “bom te ver” e ela respondeu um “você também”.
Até agora não sei se o “claro” era verdade ou mentira.
A internet é um lugar horrível.
Como socializar em bares sem parecer um creep motherfucker?
Já que abri um espaço para dúvidas, segue outra:
Visitei um bar descolado aqui em Mogi das Cruzes com meu irmão e tomamos três latinhas de Xeque Mate — o suficiente pra deixar a gente triste das ideias. Que bebida deliciosa/desgraçada. But I digress.
Percebi que adoraria ter contato com uma boa galera que participava do rolê. Muita gente parecia interessante, diferente, descolada (“e essa fixação?”, diria minha psicóloga), o que é especialmente importante pois eu queria muito conhecer mais gente nesse cárcere nessa cidade. Percebi também que eu nunca, mas nunquinha, chegaria para conversar com ninguém sem estar completamente ablublé das ideias ou sem algum intermediário me apresentando.
É importante dizer que tenho bebido menos — reservo minha energia para altas doses de alucinógenos em momentos especiais. Essas três latas nos pegaram desprevenidos, e já sei que na próxima vez vai ser uma latinha só. Não quero me apoiar no álcool como lubrificante social, adoraria saber que sou capaz de ter essas interações sem parecer um pateta.
Mas, aparentemente, não sou.
Conheço uma pessoa que é a maior lisa: ela vai pro rolê e conhece doze pessoas, se apresenta sem fazer esforço, e em toda rodinha que ela entra, é recebida com sorrisos. Tá certo que ela é uma mina bem gata que tica todos os pré-requisitos no formulário de regras ABNT de Mulher Branca Magra Padrão, e que muitas vezes a galera — homens cis — que se apresentam pra ela na tentativa de flerte.
Fico pensando na quantidade de paranóia versus realidade que é eu achar que não serei recebido com os mesmos sorrisinhos se eu — um homem cis branco gordo vestido de pai — chegar numa roda com um “oi, eu sou o Angelo, vocês parecem interessantes, vamos conversar?”
Pergunto então à você, cara pessoa leitora: como que uma pessoa como eu pode socializar em bares sem parecer um creep motherfucker, e sem precisar entornar sete doses de cachaça?
Quando eu me divorcei aos 27, após o relacionamento de 8 anos, achei que com o tempo ia entender como essa magia do flerte acontecia. Bem, já são sete anos divorciado e eu ainda sou um bobalhão na arte do flerte.
Talvez ele estivesse certo
Há uns meses um grande amigo meu me enviou uma mensagem anônima dizendo em poucas palavras que me achava (and I quote) “deprimente”. Claro que eu fiz meu social engineering e descobri quem o cabra era, mas não antes dessa mensagem me deixar 200% desgraçado da cabeça.
Segundo ele, o motivo de minha deprimência é que após eu começar a viver intensamente a não-monogamia e, principalmente, organizar as festas de gente pelada da Positiv, eu fiquei insuportável. Segundo ele, eu era muito mais interessante antes, e agora só conseguia falar sobre suruba.
Ao checar com algumas pessoas próximas, recebi o feedback que ele estava completamente doidão. Eu continuava falando das coisas que eu gostava por aí e — bem, vejam essa newsletter, e me digam em quantas edições dela eu falo sobre suruba desse jeito. A resposta é: quase nenhuma.
E aí que nesse bar de aniversário eu percebi que quase 100% das conversas que tive foram sobre… organizar suruba. As pessoas perguntavam coisas sobre organizar suruba, falavam sobre as experiências na suruba, perguntavam o futuro da empresa de surubas. Porra, eu havia conhecido uma parte das pessoas que estava ali na suruba — e outras queriam participar.
Fiquei super encanado com isso e entrei na pira do: talvez meu ex-amigo estivesse certo. Talvez eu não fale mais sobre as inúmeras horas que invisto em jogos eletrônicos, ou sobre meu tão saudável hábito de leitura estar mudando pro pior, sobre os filmes e séries que tenho visto, ou sobre como fazer um espermograma é triste.
Talvez eu tenha parado de falar sobre essas coisas que tanto amo em festas e começado a falar aqui, pra um público diminuto que me lê e já gosta (por antecipação) do que eu costumo dizer.
Agora to nesse lugar muito desagradável de ficar na eterna vigilância e não querer me tornar a pessoa que ele descreveu, mesmo sabendo que eu adoro falar e discutir suruba. To numa pira de negar esse assunto e me afastar dele só pra não fazer ser real um personagem que um otário construiu.
A mente humana é uma coisa fascinante — e a internet é uma merda.
Desenvolver sites me fez ficar chatão
Por qual razão o Substack repete h1
nos títulos ao invés de respeitar a hierarquia que a W3C decidiu?
Não é o usuário que tem que saber isso. Se você vai fazer uma plataforma, escreva-a direito. Ofereça aos usuários os títulos em tamanhos diferentes mas, no seu código, mapeie pra começar no h2
e mete o h1 como o título do artigo. Aí eu, o usuário, não precisaria me preocupar em não usar h1
repetido e ferrar meu SEO.
O Substack está te enganando (de novo!)
Há um tempo eu escrevi sobre como o Substack faz com que você assine mais newsletters que gostaria (e como isso é nocivo):
O que acontece é que eles começaram a enganar todo mundo novamente, agora de um jeito que quase ninguém entende.
Antes, para receber a newsletter de alguém na sua caixa de entrada, você apenas assinava. Agora, o Substack criou uma função de seguir pessoas — tipo um Twitter ou Insta.
No meu painel de controle, por exemplo, eu descobri que tenho mais seguidores do que assinantes:
O que isso significa? Eu não faço a menor ideia!
Só sei que apenas assinantes recebem minha newsletter na caixa de entrada deles. Seguidores não. Portanto, tenha certeza que vocês estão assinando e não seguindo — e, se ainda não assinam, esse botãozinho resolve esse problema rapidinho:
Um podcast que você deveria escutar
Você já crushou uma pessoa só pela voz dela? Eu já. Duas.
Leda Cartum e Sofia Nestrovski voltaram com um dos meus podcasts favoritos, o Vinte Mil Léguas, e putz, que vozes. Toda vez que começo a escutar dou suspiros profundos e penso: ah, que gostoso é o conhecimento, fale mais aqui no meu ouvido…
Creepy-motherfuckerness de lado, eu realmente recomendo Vinte Mil Léguas. No podcast, Leda e Sofia falam sobre ciência através de livros, lendo cientistas como escritores. A primeira temporada foi sobre A Origem das Espécies, de Darwin; a segunda, sobre Alexander von Humboldt.
A nova é sobre Galileu Galilei — e já adianto: que trilha sonora fenomenal. Logo no teaser já tem uma brincadeira com o Leu e Lei do nome que faz qualquer entusiasta de música abrir um sorriso.
Escutem agora e, se possível, dêem um abraço em Leda e Sofia por mim.
Tempos Fantásticos
Uma das pessoas que acabou de chegar aqui disse:
Angelo, conheci teu trabalho na newsletter da Taize Odelli (porque isso aqui é um esquema de pirâmide) e estou viciada, leria até a tua lista do supermercado
Bem, seu problema acabou! Vou te dar um montão de coisas minhas (e de outras pessoas fodas) para ler.
Se você não conhece meu principal projeto da última década, sugiro que conheça.
O Tempos Fantásticos é um jornal satírico de ficção científica e especulativa, com notícias do futuro, passado e presentes alternativos.
Nele, você encontra textos em formato jornalístico, colunas opinativas, ilustrações, quadrinhos, e até anúncios, todos sob o guarda-chuva da ficção especulativa: sci-fi, fantasia, horror e ficção histórica.
Sugiro PESADÃO que você acesse o site e assine a newsletter
.Apresento o projeto para quem não o conhece pois: a capa do livro do TF está pronta (🎉🎉🎉🎉🎉). O prazo de entrega da ilustração era de 90 dias, mas ela foi entregue na tarde do 177º. A vida é louca.
Estamos no caminho de assinar com uma editora, então não posso dar mais informações aqui.
The Creative Act: A Way of Being
Quase-li o livro do Rick Rubin, produtor picudo de uma série de discos fodas (tipo American IV do Johnny Cash, Yeezus do Kanye, e Toxicity do SOAD). Ele lançou o tal livro sobre arte e artistas no início de 2023 e uma galera ficou em polvorosa. Peguei pra ler e: é uma merda.
No Goodreads há um comentário:
men who take lsd for the first time and “discover” emotions
E eu não poderia concordar mais.
O livro é um punhado de frases prontas chupinhadas do Zen Budismo. Ele traz uma série de parábolas, sempre com um monge asiático, que terminam em lições emocionais sobre como fazer arte em ligação com a natureza, olhar para dentro, estar em harmonia com o universo, bla bla bla e tal.
No fim, é um clássico exemplo de autoajuda coach somada com Orientalismo (leia Edward W. Said), que resulta num livro fraco, chato, e bobo.
Não bastava o Rick Rubin ficar retuitando gente do alt-right e ser apoiador de Trump, ele ainda vem e lança essa. Mais uma peripécia do homem branco norteamericano.
Cinéfilo, eu?
Searching
Esse foi o achado da vez. O filme se passa inteiro “na tela de um computador”. Não tem câmera, take, pan, tilt, flurbs ou blerbers. É como se estivessem capturando a tela de um PC e toda a história se passa ali, através de mensagens, arquivos, e calls. É um suspense policial com um andamento bem interessante pra história. Me pegou de surpresa. Leva 4 ⭐️ no Letterboxd.
Sociedade da Neve
Bom pra caralho, mesmo. Veja agora. 5 ⭐️.
The Gentlemen
Eu gosto muito de Guy Ritchie. Tudo o que ele faz é bom? Não. Mas eu gosto mesmo assim. Vi o ótimo Magnatas do Crime, a série de 8 episódios na Netflix, e continuo amando tudo o que esse cara encosta a mão. Sei que ele não dirige todos os episódios, mas produz a série e isso pra mim é o bastante. Não uso nenhum logger de séries mas daria umas 4 ⭐️ pra ela se usasse.
Anatomia de uma queda
Vi esse com a crush e ficamos bem impressionados. É um tanto quanto lento, mas tem atuações de milhões — além de ter o melhor cachorro ator desde a época de Bud: O Cão Amigo. 4 ⭐️.
Bicho de Sete Cabeças
Se você já assistiu, veja de novo. Eu tinha esquecido 80% do filme e adorei relembrar esse clássico do cinema brasileiro com Rodrigo Santoro moleque de tudo. Pesado, porém muito bom. 5 ⭐️
Event Horizon
Se você já jogou Abismo Infinito, o RPG brasileiro de John Bogéa, vai adorar ver esse filme de horror cósmico. Se você nunca jogou Abismo Infinito, você tá errado. Recomendação (atrasadíssima) do amigo Ronnie Pedra. 3 ⭐️ pois me relaciono com o tema, só pelo filme é tipo 2 ⭐️ no máximo.
Atualizando rapidinhas anteriores
Shift (Silo #2)
Falei no passado que estava lendo o segundo livro da série Silo. Abandonei. Chato pra caralho. Fiquei sabendo também que o terceiro é ruim, então sinto em dizer que essa série de livros não será mais tocada.
Fico feliz pois a primeira temporada da série televisiva foi só metade do livro 1, que é bem bom.
Minha experiência com Audiolivros
Bem, queria muito fazer uma edição inteira sobre isso mas não vale a pena: não colou. Li um livro da Agatha Christie e metade de um Terry Pratchett, mas ao quase dormir no volante escutando a história preferi voltar aos bons e velhos podcasts — exceto no caso de audiodramas como Dinotopia.
Mad Ship
Continuo lendo o segundo livro da série Mad Ship — piratas, magia, navios falantes, e sanguinolência — e não passei dos 30% das quase 700 páginas.
Essa edição foi uma zona da porra mas foi feita com amor. Não esqueça de assinar para receber mais e de compartilhar com quem você ama. É nóis e até a próxima.
gente que te reduz claramente é gente que não te conhece ou que sabe-se lá porque não gosta de uma nova versão sua que já não faz mais parte de uma dinâmica antiga, e faz parte... mas o famoso, você sabe que é um serzinho para muito além de um assunto só.
no aguardo do nosso rolê pós-virtual pois aquele almocinho santaceciler foi muito rápido
eu também sou do tipo que faz amizade até na fila do pão mas não sei transcrever em dicas além de usar uma coisa óbvia em comum mesclando com humor e piadas. mas acho que o uma coisa que conta muito é o "feeling da oportunidade" como o exemplo que você usou da sua amiga estar na mesma fila que você e coisas assim. interações humanas são simples e são complexas e às vezes só dá vontade de gritar kkkk
pra finalizar também sou fã de guy ritchie e não vi esse ainda, verei!
Angelo, vamo lá.
Normalmente eu evito comentar na newsletter das pessoas por que não sei não ser prolixo. E aí comentar uma newsletter numa newsletter é chatão. Agora que você sabe que isso também me incomoda e que eu peço desculpas, vamos ao que importa.
Primeiro de tudo, sobre a jovem do bar, você se esqueceu da velha máxima que permeava os anos longínquos da internet. Encontrar alguém da rede online fora da rede online era milagre, motivo de celebração, causava gritos e júbilos. Organizar encontros online nos anos 2000 /2010 era um parto, convencer as pessoas a irem era um parto, então, quando você ia lá e conhecia seu amigo de 2000 KM que veio montado num unicórnio de 8 rodas numa viagem de 45 horas só pra te dar um abraço, bom, aquilo era especial. Morar em São Paulo tira um pouco disso da gente, eu sei. Pense em quantas pessoas você conhece /segue, e mesmo não sendo proposital, quantas são de ou em algum momento estão ou estarão em São Paulo. Sim, essa cidade nos rouba até isso.
Você perdeu uma oportunidade incrível. Poderia tê-la cumprimentado, sido honesto. Foda-se se ela não se lembra de você, se você envelheceu, se sua aparência mudou tal qual um doppelganger alucinado. A parte mais difícil que era a conversa, a afinidade de assuntos, essa vocês já tinham. E se ela te ignorasse, te tratasse com desdém, se chutasse sua dignidade no bar enquanto bebia sua dose de Countini, tudo bem, levaram 4 anos pra vocês se encontrarem fisicamente, até os próximos 4 você já teria esquecido tudo isso.
A melhor parte de conhecer e conversar com pessoas é descobrir coisas novas, risos novos, argumentos e percepções novas. Tu perdeu tudo isso por um medo extremamente bobo que sinceramente não imaginava que tu tivesse nessa altura, até pelo terceiro tópico, que entraremos em breve.
Chama a mina pra conversar, manda essa newsletter, marca um contrinha de King Of Fighters 2002 no fliperama mais vagabundo que tu achar valendo um tema pra conversa. Quem perder propõe.
É cliché dizer que a vida só se vive uma vez. E pode ser mentira também, vai saber. Mas os momentos são irrecuperáveis. O que já foi já foi. Tenta não perder os próximos. A pior coisa que pode acontecer é sua conversa virar outra newsletter e gerar mais 10 comentários.
E tente levar em conta que quem tá dizendo isso é o Jonas dos eventos do GoTR, não o depressivo que fez um esforço hercúleo pra ir no aniversário de um amigo que também estava triste e a 10000 Km. Eu sei que não dei o meu melhor ali, só agora to conseguindo andar pros lados e as vezes pra frente.
Bares e conversas é um tópico ainda mais fácil. E sem apelar pra ebriedade, embora eu quase sempre opte por ela, mas por outras questões.
Primeiro veja bem dentro de si o motivo pelo qual queres puxar conversa. Tu achou a pessoa bonita? Parece divertida? Ela tá com um cheirinho legal? Ela pediu um prato apetitoso e você adoraria uma mordidinha?
De posso do motivo, procure quaisquer elementos em comum. Qualquer um. Até eu antes de ficar full cego achava um. Tu vai também. Óculos, roupa, tamanho, se tá calor, frio, se chove, sobre a briga na mesa de sinuca ao lado, qualquer coisa.
Um bar goza de um privilégio que poucos espaços de convivência tem sequer em proporções parecidas. Quem tá ali tá tentando ser feliz, conviver, socializar. Ao menos o mínimo esforço a outra pessoa fará, a menos que tua introdução pareça muito claramente flerte e ela muito claramente não te queira. E se for o caso, faz parte.
E se tudo isso der errado, faça sua melhor cara de riso e diga que os cometas estão se beijando. Já deu certo comigo duas vezes. Não contarei aqui.
Por fim, sobre seu amigo invejoso, é preciso colocar as coisas em perspectivas.
Sim, você fala bastante de suruba. Bastante mesmo. Bastantão. Nas redes sociais, nas Newsletters até. Mesmo nas que não forem sobre suruba haverá a palavra suruba. E isso por que suruba é uma parte primordial de quem você se tornou. Dado o seu atrapalhamento em bares e com conhecidas da internet, diria até que é sua principal forma de socialização. E até aqui não tem problema algum.
A questão é que isso incomodará pessoas que nada querem com suruba. Não as que querem ouvir só esporadicamente, nem as que até topam ouvir pelos seus outros lados e assuntos. Mas apenas aquelas que não querem mesmo ouvir sobre suruba. Não querem fazer uma, conhecer uma, saber sobre uma, talvez até tentem fingir que surubas não existem enquanto abraçam os joelhos no escuro e torcem para o material não ser real.
E aí, pra essas pessoas, nesses contextos, talvez você fale mesmo muito sobre suruba. E tá tudo bem. Ninguém pode abraçar todo mundo. Ninguém agradará à todes. Ninguém está além de vícios.
Mas, ao invés de ficar se criticando, se martirizando e se punindo publicamente por gostar publicamente de algo que muitos gostam secretamente e jamais terão a sorte ou oportunidade de executar, pense pelo outro caminho.
Em que a suruba incomoda tanto seu amigo? O que a suruba deu ao Angelo de 8 anos do futuro que tanto faz com que ele sinta-se ameaçado ou afetado?
Como ele é um caso único, isso talvez lhe dê uma resposta mais simples e lhe evite perder tempo de terapia. Vai facilitar tua vida.
Sobre o resto nem vou comentar pois quase outro texto já. Mas se quiser debater numa mesa de bar enquanto abordamos desconhecidos como experimento social pra propor-lhes um campeonatinho de boliche, bom, aí só dar o famoso salve.