Tattoo Tour (parte 4)
A última parte da jornada fotográfica pelas tatuagens que marcam meu corpo
Comecei essa série nesse post, leia-o primeiro se quiser ver tudo desde o início. A parte 2 está aqui e a terceira fica nesse link.
Essa edição traz algumas tatuagens com bastante peso emocional, se preparem pro textão.
Say Hello to the Angels
Por muitos e muito anos Interpol foi minha banda favorita, até o Carlos D. se mostrar um escrotão, sair da banda, e eles começarem a lançar uns discos chatíssimos.
Nunca quis ter tatuagem de banda pois, bem, a gente descobre altas merdas com os anos, né? Porém, me autorizando um ímpeto adolescente, eternizei o símbolo deles em meu cotovelo.
O problema? Eles trocaram de símbolo.
Eu digo “dane-se”, afinal quem sabe, sabe. É até interessante se alguém chegar um dia e falar: “calma aí, meu caro, esse quadrado aqui é do Interpol, né?” Isso nunca aconteceu, mas quem sabe esse dia não chega.
Some say the end is near
Eu disse que não gosto de fazer tatuagem de banda né? Bem… fui lá e fiz mais uma.
Tatuei um símbolo comum da banda Tool, o terceiro olho. Ele foi bem estilizado pela tatuadora, ficou bem diferente do original, bem como eu queria. Quem manja do significado pode fazer as ligações e chegar na banda, e se o Maynard fizer mais merda e sair no jornal, eu posso dizer que a tatuagem é só de um olho bizarro mesmo.
Safado
A ideia original não é minha, e sim, do André. Ele tatuou “Safado” na bunda e eu queria copiar, até pedi autorização, mas mudei de ideia. Acabei escrevendo “Slut” na bunda, talvez um jeito cringe de tomar o termo pra mim — meio “The Ethical Slut” mesmo — ou até um jeito de eu me ver como o safado que sou e dar uma relaxada no constante ciclo de autoódio.
Enfim, tatuagem na bunda dói e, ao mesmo tempo, coça.
Sim & Não
Tenho uma coisa pelo simétrico-assimétrico.
Em uma mão, o bezouro Rola-bosta-africano — o famoso escaravelho egípcio, que transforma merda em alimento, moradia, e proteção. Já dá pra ver o significado aí né? Do lado dele, um SIM, mensagem de aceitação, consentimento, otimismo. Vem que tem, manda que eu mato no peito, aqui não tem tempo ruim, vai dar certo sim.
Na outra mão, uma cobra em posição de defesa, esperando quem a ataca dar o primeiro passo para que ela possa lançar a ofensiva e acabar logo com o que a ameaça. Um NÃO a acompanha. Não vem que não tem, se vier eu estou preparado, não quero conversa, esquece essa merda.
Amo demais meus animaizinhos que falam tanto com minha personalidade; as vezes, sorridente e positivo. Em outras, combativo e rígido. A vida é doida né?
Extra: no meu dedo mindinho direito eu tenho dois cursores de mouse: uma ampulheta e uma setinha, ambos do windows 95, primeiro sistema operacional que tive contato.
Ship & Spaceship
Em uma coxa, um navio — vou chamá-lo de “caravela”, mas não sei se é de fato uma. Acompanhado dela, o termo em francês “Emmenez-moi”, que significa “leve-me”. Sem delongas, a tatuagem é ligada à belíssima Emmenez-moi, de Charles Aznavour. Vale ouvir a música e ler a letra.
Na outra coxa, uma nave espacial — vou chamá-la de Serenity, uma nave de transporte da classe Firefly, e isso eu sei com exatidão. Sou apaixonado na série e até já gravei um podcast sobre cada episódio (e o péssimo filme), o Capotes Marrons. Sob Serenity há o termo “Take me”, que também significa “leve-me”, parte da música de abertura da série.
Pesadas & fofinhas
É curioso que, mesmo nesse visual super trevoso, minhas tatuagens mais emocionais são as mais fofinhas. Ambas foram feitas pela tatuadora Fernanda Vedalia — o jornaleiro é de quando ela ainda era aprendiz!
O newsboy, esses meninos dos anos 20 que vendiam jornais nas esquinas, simboliza o meu projeto favorito, o moribundo Tempos Fantásticos, e minha paixão pelo que circunda o jornal — seja o próprio impresso ou a profissão de jornalista. Mesmo desenvolvedor, depois de muitos anos fora de uma redação, ainda levo comigo conceitos importantíssimos do jornalismo para meu dia a dia — o que faz de mim um desenvolvedor bem especial na visão dos meus líderes e chefes.
Já o carrinho com o dinossauro…
Em um dia ensolarado recebi uma visita de meu pai, minha madrasta, e meus irmãozinhos (20 anos mais novos que eu). Em certo momento, um deles pergunta onde estão meus brinquedos, e eu explico sorrindo que não tenho nenhum, que adultos não tem brinquedos, que eles não brincam — e mais uma vez eu suplico: vejam o documentário Tarja Branca.
Na hora de ir embora, ambos vem até mim, cada um com um brinquedinho em mãos: um carrinho, na mão de Arthur, e um dinossauro, na mão de Theo. “Toma, Angelo, pra você ter com o que brincar”.
Não só guardei e exibo o dinossauro e o carrinho em minha casa como fiz questão de tatuá-los. Esse desenho é o símbolo de uma eterna brincadeira, uma infância que se foi, e uma solidariedade infantil: te damos nossos brinquedos para que você também tenha com o que brincar.
Conclusão
Com essa edição, concluiu-se minha Tattoo Tour. Espero que você tenha gostado e que essa série tenha te inspirado a tatuar ou a fazer uma série sobre suas tatuagens.
Obrigado por vir comigo nessa jornada, e até a próxima!
O carrinho e o dino dos meninos, foi ontem isso 🥹♥️♥️♥️
adorei muito a tour toda! brigada por compartilhar tanto de ti com a gente <3 (mas ow............ perdeu a chance de chamar de tattour.................................... kjhasdfkljahf)