Não consigo me livrar do Instagram
Como minha experiência de sair da ex-"rede social de fotos" falhou miseravelmente — e outros updates
Prólogo
Em 3 de abril de 2023 postei no meu instagram a seguinte sequência de imagens:
Ela diz, em inglês, o que traduzo aqui:
As redes sociais estão me matando.
Problema 1: elas tomam meu tempo e autoestima.
A quantidade de tempo que eu passo nas redes sociais, especialmente no Instagram, é inacreditável. Horas e horas se vão e cá estou, rolando por infindáveis reels e stories. Adoro ver os updates dos meus amigos, mas já estou perdendo a mão — especialmente porque esse app é um gatilho para minha solidão e alimenta minha depressão. Não quero ser lembrado de como todo mundo tá feliz e acompanhado enquanto eu me sinto só e miserável — mesmo que essa não seja a verdade.Possível solução: parar de usar o Instagram.
Deletei e instalei o aplicativo várias vezes, e isso não funciona. Acabo logando nele no meu computador e usando a versão web. E ainda tem esse próximo tópico para se pensar…Problema 2: você recebe meus updates por aqui
Instagram é o aplicativo mais utilizado por muitos amigos e pessoas que amo. Toda vez que eu cogito parar de usá-lo, recebo alguns “por favor não pare de postar stories, esse é o jeito que a gente se conecta com você enquanto você está longe”. Não quero cortar essa conexão e esse jeito direto de falar com as pessoas.Possível solução: mudar o modo que uso o Insta.
Talvez ao invés de parar de usar o app, deveria mudar o jeito que o uso. Ao invés de deletar minha conta e cortar minha conexão com as pessoas, deveria focar no que me faz perder um monte de tempo aqui e que desencadeia minha sensação de solitude.
A resposta é: stories e reels.Como uma possível solução, vou deixar de seguir todo mundo.
Sim, isso soa radical — e é. Decidi deixar de seguir todo mundo exceto meu irmão para reduzir a vontade de ver o stories de todo mundo. É uma tentativa de continuar postando atualizações sem cortar a conexão simultaneamente testando como esse app é sem os stories para puxar minha atenção.Não é pessoal.
Escrevi esses slides para deixar claro: Ainda amo você.
Não confunda meu uso de redes sociais com minha habilidade de ter afeto pelas pessoas ao meu redor.
Minha única meta é retomar algum controle da minha vida reduzindo meu uso de redes sociais, e ainda podendo postar stories para quem os quer.
Se você quer me acompanhar de um jeito melhor, tenho um podcast1 e uma newsletter.
www.angelodias.com.br
Deu errado pra caralho
Escrevo isso 26 semanas depois de meu teste e: não rolou.
Essa caceta de aplicativo é muito bem feito para o que ele se propõe: arrancar cada segundo da minha vida.
No início, abria o app de 10 em 10 minutos e me deparava com uma timeline com as exatas mesmas fotos e apenas os stories do meu irmão Lucas.
Aliás, por um tempão a foto que via quando abria o aplicativo me fazia cagar de dar risadas, sempre.
Comecei a usar o Twitter desgraçadamente, em busca de updates e conteúdo, essas palavras complexas e sem significado concreto. Em pouco tempo, descobri o desgraçado mundo dos reels do Instagram e… bem, meu experimento foi pra bosta.
Já havia desinstalado o TikTok mas não adiantou — me vi perdendo horas e horas nos reels. Minhas idas ao banheiro aumentaram exponencialmente em duração. Mesmo sem seguir ninguém, o Instagram sabia exatamente qual o conteúdo que eu gostava de ver, e seu algoritmo era treinado em cada like e share que eu dava.
No fim, o problema nem eram os stories — eles, um dia, acabavam — mas essa caceta de reels e feed infinito de microvídeos.
E agora, qual o próximo passo?
Bem, vou voltar a seguir gente. Não sei quem e não sei em que ritmo, mas já percebi que minha luta foi perdida. “Desinstala logo essa merda”, você diria, mas ainda mantenho a questão da comunicação com os outros — o Instagram ainda é o lugar em que muita gente sabe da minha vida… não é todo mundo que lê essa joça, né.
Estou me preparando mentalmente para voltar a mandar vários 🔥 em stories de gente gostosa que eu não tenho coragem de chegar-chegando e para ver gente se divertindo por aí enquanto eu to em casa enfurnado.
Queria DEMAIS uma versão do app só com fotos no feed e stories (sim, gosto deles), mas já que não dá pra tirar essas porcarias de reels do caminho, então vai assim mesmo.
Me sigam no Instagram. Posto bem mais lá do que aqui (a proposta é outra né, convenhamos).
Planos e mapas
Ainda to fazendo planos pra essa newsletter — já é a terceira edição que digo isso, e vou repetir até eu conseguir concluí-los. Comecei até um mapa mental. Fica a dica: de todas as possibilidades, os mapas mentais do Google Drive são os únicos realmente de graça e sem limite de uso.
Cinéfilo demais
Assisti os quatro curtas do Wes Anderson que saíram na Netflix na internet e curti bastante. Sim, eu sou um grande curtidor do diretor, por mais que esse tipo de gente seja chatíssima.
Rat Catcher: meu favorito exatamente por ser disgusting.
Poison: bom demais… e aí chega o final decepcionante.
The Swan: chato
The Wonderful Story of Henry Sugar: bom demais. Gostei muito.
Desáiner
To lutando pra criar um logo e identidade visual pra Positiv, a empresa de surubas que criei com a Ju. Tá difícil — perdi demais a prática — mas tá saindo. Se você se interessa por festas de gente pelada com segurança e afeto, dá um ligue no nosso insta (a lá ele de novo) ou no site.
Vidjogueimes
To enrolando pra terminar Baldur’s Gate 3 — falta pouco — e testei Dune: Spice Wars (no Xbox Game Pass PC). Gostei um tanto, mas ainda não me pegou 100%.
Vrum Vrum
Depois de mais de 2 anos sem dirigir, peguei no volante e… porra, realmente é uma coisa que se aprende uma vez pra nunca mais né. Meti a primeira marcha sem deixar o Ford Ka 1.0 do meu irmão morrer, fiz quase 60km (com rodovia inclusa) e foi suave. Ah, continuo odiando carros — e o capitalismo — porém as vezes a gente precisa usá-los para nossa sobrevivência.
Tem dado em casa?
Comecei a jogar RPG com meus irmãos — totalmente virgens desse tipo de jogo. Escolhi O Som das Seis, do meu amigo pessoal Ramon Mineiro. Meus irmãos (de 13 anos) gostaram tanto da primeira sessão que ficaram repetindo seus feitos pela semana toda.
Leituras
Uma recomendação fortona é a newsletter (ainda fora do Substack) do jornalista Ricardo Ampudia, com quem tive o prazer de trabalhar na Folha de S.Paulo. A vFinal tem recomendações bem fora da curva de filmes, séries, música e fotografia (sim, daora demais). Assinem já.
Não sei se já recomendei aqui, mas acho que você deveria assinar a news do meu amigo JP Lima — ele tá escrevendo coisas interessantes sobre suas vivências.
Ouvências
A banda foda demais KNOWER lançou um disco novo que ainda não me pegou. Enquanto escuto e avalio (tal qual críticos musicais dos anos 90), vá conhecer a obra prima da banda: Overtime.
Esse “À Revelia” misturado com “Rapidinha” acaba aqui. Espero que tenham gostado e até a próxima.
Tinha.